Receitas com ingredientes indígenas são as apostas do chef Peruano para a oficina de sabores

 

Foto: Getty Images

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Para finalizar as comemorações ao Dia do Índio, o Encontro da Amazônia promove no dia 18 de Abril, sábado, a partir das 14h, Evento Cultural Indígena. Com oficinas de artesanato, simbologia, danças e sabores, o evento fará uma imersão às culturas de uma das mais tradicionais etnias do mundo através das exposições, bazar e apresentações culturais.  Para ministrar o workshop de culinária típica, o espaço vai receber o chef Fernando Matsushita, que comanda a tradicional cozinha do Do Peruano.

Nascido no Peru, Fernando carrega além das tradições familiares, toda uma bagagem em pesquisas dentro da alimentação indígena e utiliza essas influências nas suas composições gastronômicas. “Eu sou autodidata, empírico, indigenista e tradicionalista. Sou neto e filho de cozinheiros. Tenho mais de 37 anos de carreira dentro deste segmento de culinária”, conta o chef. Além de possuir no currículo várias vivências gastronômicas internacionais. “Sou especializado em culinária Peruana, Japonesa e Contemporânea. Só no Japão são mais de 16 anos de cozinha, fora os mais de 6 anos de gastronomia brasileira”, completa.

Com todo esse conhecimento, o chef Fernando Matsushita vai produzir três pratos típicos da região peruana utilizados como base elementos que os índios utilizam na região. “A ideia do preparo dos pratos é mostrar a história e os ingredientes indígenas por trás da produção. Especialmente no protagonismo atual na culinária, que hoje é vanguarda no mundo”, explica. Serão utilizados ingredientes como papa, aji e rocoto, huacatay, cancha, milho roxo e outras iguarias do país.

As oficinas terão durações de uma hora e a turma será composta por até 30 participantes. A idealizadora do projeto cultural, Edicleia Monteiro, do Encontro da Amazônia, visa fazer uma transição entre as outras diversas temáticas no dia. “O objetivo é fazer um circuito entre os workshops, no qual os participantes possam transitar pelas diversas oficinas, assim fazendo uma imersão cultural dentro das tradições indígenas”, explica.

Para o chef Fernando Matsushita, o evento traz vários benefícios que resgatam os valores tradicionais das etnias indígenas. “Estes tipos de programas de inclusão social se preocupa pelo resgate e importância do aporte indígena Latino Americano na vida atual. O amplo valor dos produtos e culturas dos índios hoje não são mais valores de etnias esquecidas e sim de o encontro de culturas. Descobrem utilidades, se compartilham técnicas e inclusive se manifestam espiritualidades”. E completa: “a valorização destas expressões não é mais considerada um favor ou incentivo e sim um aporte mutuo para o desenvolvimento e progresso das atuais culturas em todos os aspectos”.

Elementos indígenas compõem espetáculo Nhanderecó, do grupo Baquetá

Entre as atrações do Evento Cultural Indígena, promovido pelo Encontro da Amazônia, o Grupo Baquetá vai apresentar o espetáculo Nhanderecó. Composto por três integrantes, a montagem tem direção de André Daniel e reúne diferentes contos e histórias de alguns dos povos indígenas do Brasil. A apresentação uni elementos teatrais, de dança e musicais.

Com duração de 45 minutos, Nhanderecó faz uma imersão às culturais dos índios, principalmente da etnia Guarani e Kaingang, encontrada em grande proporção em cidades do Paraná. O nome do espetáculo traduz o interesse na preservação cultural dos índios. “Nhanderecó, no dialeto Mbyá Guarani, significa ‘Ser Guarani’, no intuito de manter a cultura da etnia viva”, explica Ka Nêga, participante do elenco.

O espetáculo é composto por um enredo teatral e utilizada elementos musicais e as tradicionais danças da etnia. O grupo traz ao palco elementos tipicamente utilizados pelos índios. “Nhanderecó traz elementos da própria cultura indígena, peças de artesanatos e instrumentos musicais utilizados pelos índios, como rabeca”, conta Ka Nêga.

Fundado em 2009, em Curitiba, Paraná, o Grupo Baquetá é formado por sete integrantes. O grupo pesquisa e desenvolve projetos com foco nas culturas populares brasileira, para diversos públicos. As ações envolvem montagens teatrais, música, dança, literatura e artes visuais.  Na bagagem, o grupo tem espetáculos como “Um pouquinho de Brasil, iá iá” e “Baquetinhá”, que reúne manifestações culturais populares.

 

Nhanderecó

Índio Werá Popygua ministrará oficina de artesanato no Evento Cultural Indígena

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No dia 18 de abril, a partir das 14h, o Encontro da Amazônia vai promover o Evento Cultural Indígena, com exposições, atrações culturais e diversas oficinas. Com o objetivo de resgatar a cultura dos índios, os workshops reunirão profissionais para ministrar atividades sobre dança, culinária, artesanatos e simbologia.

Sob o comando do índio Werá Popygua, também conhecido como Elias Fernandes, a oficina de artesanato indígena irá confeccionar filtro dos sonhos, pulseiras e tornozeleiras, brincos de penas e colares de sementes. As turmas serão formadas por crianças, a partir dos 8 anos, jovens e adultos.

Segundo o índio Werá, “os artesanatos, hoje comercializados culturalmente, eram utilizados no cotidiano das aldeias. Os arcos e flechas que cada guerreiro usava, e demarcava, ou com traço maior ou menor, dependendo do tamanho da presa, era um jeito de mostrar para as índias que seria um bom partido pois elas não teriam fome pois eles garantiriam a caça, cada tipo de presa era usado uma flecha diferente assim como os pássaros era um tipo, para peixe havia um serrilhado ao contrario para quando puxasse a flecha não soltasse do peixe”.

Há cinco anos em Curitiba, na aldeia Kakané Porã, o índio Werá Popygua, da etnia Guarani, traz na bagagem toda suas histórias e vivências. Nascido em Mangueirinha, no Paraná, na aldeia Pidó, atualmente sobrevive pela venda de artesanatos na Praça Osório. “Já trabalhei na área Construção Civil, mas optei pela comercialização dos artigos indígenas, pois consigo tirar um pouco mais para manter minha família”, explica o índio.

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Aos 32 anos, é pai de dois filhos, e casado com uma não-indígena. Devido ao  preconceito com a sociedade indígena, sofreu bastante preconceito, no início do seu relacionamento. “Os índios têm fama de não trabalhar, de serem preguiçosos e de beberem muito”, comenta Werá. Ainda segundo o índio, este tipo de eventos gera uma nova visão aos povos indígenas.

Além do Evento Cultural Indígena, o Encontro da Amazônia promove nos dias 16 e 17 de Abril uma programação educacional diferenciada, em comemoração ao dia do Índio. Através da mesa redonda e oficinas para escolas, o projeto visa abordar todas as culturas indígenas e principalmente a riqueza das maiores etnias do mundo, responsável pela construção da identidade de várias nações.

 

 

Oficina de Pintura Corporal e Simbologia resgata a cultura dos Guaranis

O Encontro da Amazônia vai trazer o índio Werá, também conhecido como Felipe Rodrigues Werner, da etnia Guarani, para ministrar a oficina de Pintura Corporal e Simbologia no Evento Cultura Indígena, que acontece no dia 18 de Abril, a partir das 14h. Formado em Desenho Gráfico, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), o indígena traz todas suas referências para compor o workshop. “O objetivo da oficina é demonstrar o valor ritualístico da pintura corporal, para a cultura Guarani, tornando-se um agente social capaz de agir sobre o indivíduo, causando transformação ou conferindo um status social, poderes na batalha, fatura na colheita e na caça”.

A oficina será dividida em dois momentos. Na parte teórica, serão explicados os conceitos dos símbolos, das pinturas, dos pigmentos, do sentido de se pintar o corpo, da espiritualidade e dos aspectos sociais. A parte prática será voltada a execução das pinturas nos participantes, para que possam ter a experiência da transformação, através do conhecimento adquirido no primeiro momento do workshop, assim construindo o valor espiritual da arte dos símbolos.

Segundo o índio Werá, “o trabalho será voltado para a transmissão da informação acerca da pintura corporal e sua importância para o povo Guarani. Um resgate ao valor da pintura no corpo como parte de um comportamento ancestral na cultura humana, que se reflete em diversos segmentos desta cultura”.  E completa: “esperamos a ideia do respeito à pintura corporal e o entendimento sejam construídos na consciência dos participantes e que os mesmos venham a ver com olhos mais sensíveis a prática da pintura do povo Guarani”.

A pintura corporal e a simbologia são linguagens expressivas de um povo e refletem na construção da própria identidade cultural.  Para o índio, o evento é uma forma de ampliar a visão cultural da sociedade atual. “Ações assim são extremamente necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade mais aberta a diversidade. O Encontro da Amazônia tem um papel importante na construção do conhecimento em relação as pessoas que ainda não tiveram um contato com culturas nativas brasileiras. O evento trará esta experiência dentro de um ambiente propício as pessoas urbanas, levando a riqueza e o conhecimento de diversas etnias, transformando através do conhecimento o preconceito em respeito, assim tornando-se importante, tanto a curto quanto a longo prazo”.

Além do Evento Cultural Indígena, o Encontro da Amazônia promove nos dias 16 e 17 de Abril uma programação educacional diferenciada, em comemoração ao dia do Índio. Através da mesa redonda e oficinas para escolas, o projeto visa abordar todas as culturas indígenas e principalmente a riqueza das maiores etnias do mundo, responsável pela construção da identidade de várias nações.

Confira um pouco do trabalho do índio Felipe:

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Influências culturais e artísticas da etnia Kaingang

Colares feitos com materiais heteróclitos.

Colares feitos com materiais heteróclitos. Fotografias: Acervo de Sérgio Baptista da Silva. Fonte: FREITAS, 2005

Hoje o blog traz o trabalho “Garra de jaguar, botão de camisa, cartucho de bala: um olhar sobre arte, poder, prestígio e xamanismo na cultura material kaingang”, da Ana Elisa de Castro Freitas sobre um estudo antropológico da presença da etnia Kaingang na cidade de Porto Alegre, veiculado na Revista Mediações. Formada em Biologia, Mestre em Ecologia e Doutora em Antropologia, a pesquisadora retrata os elementos materiais e simbólicos da influência deste povo indígena nesta região do país. Uma análise sobre no ponto de vista da etnologia, etnoecologia e etnohistória.

Este artigo focaliza um conjunto de objetos de grande significado para a compreensão da evolução cultural, presente e passado, da etnia Kaingang. O trabalho foi construído através das experiências e vivencias dos próprios indígenas. A partir disso, trazendo novas perspectiva ao estudo da arte e suas influências, quando relacionado ao contato interétnico e a etnohistória dos processos coloniais vivenciados no sul do Brasil.

Fabricados pelos Kaingang novecentistas, estes objetos lançam luz para uma mais sofisticada interpretação das manifestações estéticas que integram a cultura material kaingang nas cidades contemporâneas.

 

Confira o trabalho na íntegra: “Garra de jaguar, botão de camisa, cartucho de bala: um olhar sobre arte, poder, prestígio e xamanismo na cultura material kaingang”.

O som do silêncio de Daniel Munduruku

O índio e escritor premiado Daniel Munduruku representa uma das grandes vozes do cenário da literatura indígena no Brasil e no mundo. Carrega na bagagem mais de 45 livros publicados e um currículo invejável. Graduado em Filosofia, tem licenciatura em História e Psicologia. É doutor em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor em Literatura pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Através de cada palavra, leva todo seu conhecimento histórico-cultural da sociedade indígena e toda sua estrutura de sobrevivência.

 

Daniel Munduruku

Daniel Munduruku

Confira o pensamento do índio sobre os sentimentos que o silêncio desperta.

 

SOBRE O SILÊNCIO

O silêncio me traz duas sensações: tranquilidade e medo.

Sempre opto pela tranquilidade, pois o medo me paralisa e breca sonhos e perspectivas. A tranquilidade me impulsiona e me permite projetar. Sigo a máxima de Pessoa: “Tomo a infelicidade como felicidade, naturalmente como quem não estranha que haja planícies e montanhas e que haja rochedos e ervas”. Assim eu me permito cantar as desventuras que vão e vêm num turbilhão frenético de dores e odores; gostos e desgostos; luzes e sombras. Também por isso digo como Cecília Meireles: “Eu canto porque o instante existe e minha vida está completa. Não sou alegre, nem sou triste. Sou poeta”. Assim, sou movido pela tranquilidade que emana do coração da Terra que, mesmo dona do tempo, está sempre em movimento. Gosto do silêncio que me tranquiliza. Ele age sobre mim e me permite sonhar. Somente o sonho vence o medo, este medonho que embrutece a alma e corrói o corpo.

Prefiro o silêncio que me impulsiona para além de mim mesmo e me lembra que sou movimento no Movimento. E mesmo quando o medo me faz uma visita eu o tomo como necessário para despertar em mim a fragilidade a que estou condenado e a me lembrar que a argila com que fui composto é frágil e finita.

Não sou o Silêncio, mas faço parte dele. Prefiro a tranquilidade. O medo eu o passo para quem precisa dele.

 

DANIEL MUNDURUKU

Sala Rio Japurá

 

 

 

 

A Sala Rio Japurá é uma sala de porte médio e possui requinte e beleza que poderão ser imprescindíveis para o evento.

 

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O Rio Japurá foi o primeiro rio amazonense a ser navegado. São 2.100 km de extensão. Nasce ao sul da Colômbia e deságua no rio Solimões, no Brasil. Inúmeras tribos indígenas já habitaram esta área. O rio é a principal via de acesso às cidades da região.

Dia Mundial da Àgua

Dia da Agua

 

Você sabia? 20%  da água doce fluvial do mundo, cerca de 1,14 bilhão de piscinas olímpicas.

7.000 km Extensão do Rio Amazonas equivale a distância entre Belém – PA à Barcelona

200mil m³/s de água em rios aéreos sobre a Amazônia equivale à 141 Cataratas do Iguaçu